Impeachment, greve de servidores públicos, crise política e econômica e outras polêmicas estão na entrevista que o deputado Rôney Nemer (PMDB) concedeu com exclusividade ao Guardian DF.
Um olho no Brasil, mas sem tirar o outro de Brasília. Tem sido assim sua atuação, segundo palavras do peemedebista, que relata também ciumeira dentro da Câmara Legislativa, onde ficou por 12 anos, e ainda é visto por lá constantemente. Veja:
Guardian DF – Como é ser “calouro” na Câmara dos Deputados depois de três mandatos como distrital?
Rôney Nemer – É um caminho novo, com muito por aprender. É uma casa muito plural. É bem diferente. Tenho me esforçado muito pra aprender e entender. Pedi aos presidentes das Comissões que integro (Trabalho, administração e serviço público e de Seguridade Social e Família) que me deixem relatar o maior número de projetos possível. Solicitei a liderança do meu partido que me indique para as comissões especiais que discutem temas relevantes. Só vou aprender trabalhando.
Guardian DF – Ser deputado federal era um objetivo seu?
Rôney Nemer – Não. Sempre gostei muito de ser distrital. Lidar diretamente com os problemas da cidade e com as pessoas. Sempre repeti que se houvesse Câmara de Vereadores eu seria candidato a vereador. Essa proximidade com as pessoas foi que me incentivou a entrar na política. Mas mesmo estando no Congresso busco manter a minha ligação com a política do olho no olho, da proximidade, de ouvir as pessoas. Esse ano foi atípico, mas não sei fazer política de outra forma.
Guardian DF – Por isso tem ido tantas vezes à CLDF? Não rola ciúmes dos distritais?
Rôney Nemer – Acho que é bem isso que te disse. Vou a CLDF pra estar presente nas discussões que afetam a cidade. Meu compromisso com o Brasil não me afasta do meu compromisso com Brasília. Acho que as pessoas que votaram em mim não esperavam outra coisa. Quanto ao ciúmes, acho que não existe. Ciúmes a gente deve ter de quem beija na boca. Todo político está ali pra defender os interesses da população.
Guardian DF – Mas há muita vaidade nesse meio…
Rôney Nemer – Muita. Uma pena. Acaba atrapalhando. E não existe melhor ou pior. O destino de todos é um só. O que vai ficar são as coisas boas que podemos fazer. Estamos aqui de passagem.
Guardian DF – Já se encaixou em algum grupo? Há um grupo conservador eleito com base no discurso da família. O senhor faz parte desse grupo?
Rôney Nemer – A defesa da família é minha principal bandeira, mas não pode ser confundida com perseguição, discurso de ódio, briga entre A ou B. Defender a família é lutar por mais empregos, trabalhar por uma saúde pública de qualidade, onde pais e mães de família não fiquem sendo jogado de hospital em hospital com crianças no colo. Trabalhar pela família é defender investimentos em alternativas de energia que possam manter o abastecimento. Trabalhar pelas famílias é buscar a regularização das moradias. Defender as famílias é defender educação integral de qualidade. Sou contra o aborto, sou contra a legalização das drogas – mesmo as ditas leves, sou a favor da redução da maioridade penal para crimes hediondos, sou favorável a uma revisão do código penal, mas não faço parte de nenhum grupo. Defendo as mesmas coisas que defendi na campanha.
Guardian DF – Existe muita expectativa quanto a uma proposição sua que permite a venda direta de terrenos da união. Em que pé está a medida?
Rôney Nemer – Eu resgatei uma emenda apresentado pelo Filippelli quando era deputado Federal e que possibilita a venda direta dos terrenos da união ocupados por condomínios e residências para quem tenha esta moradia como único imóvel. Aí incluímos a proposta no texto do relator, já que antes, ainda com Filippelli ela foi vetada. O texto já foi aprovado na Câmara e no Senado. Está nas mãos da presidente para veto ou sanção. Estamos aguardando a definição para os próximos passos.
Guardian DF – Há previsão de saída da crise econômica?
Rôney Nemer – Espero que sim. Já adiantei que na minha visão a solução não está na criação de mais impostos ou no aumento dos já existentes. O que precisamos é utilizar bem os recursos arrecadados, que não é pouco dinheiro.
Guardian DF – E a crise política?
Rôney Nemer – Acredito que o momento é de buscar uma nova forma de fazer política. Não há que se falar em outra coisa que não seja dar aos brasileiros condições de viver em um país mais justo.
Guardian DF – O senhor é favorável ao impeachment?
Rôney Nemer – Sou favorável a abertura do processo de impeachment. Tenho defendido muita a independência entre os poderes. Acredito que se há uma denúncia, o congresso deve ouvir as partes e julgar.
Guardian DF – Agora falando do governo local. Rollemberg tem enfrentado problemas com os sindicatos e representantes de carreiras de servidores públicos. Onde ele está errando?
Rôney Nemer – No diálogo. Os servidores conquistaram reposições e benefícios que estão firmados em leis. O governo alegou falta de recursos, mas não abriu um diálogo franco, isso levou ao caos. Depois das propostas colocadas, intermediei algumas discussões e conseguimos dialogar até um consenso.
Guardian DF – Já sabe qual cargo disputará em 2018?
Rôney Nemer – Não. Tenho um compromisso com o DF e com o Brasil. Acho que o momento político atual exige total dedicação ao resgate da economia, a retomada do crescimento para que voltemos a gerar empregos. Planos políticos ficam pra depois.
Foto: Fábio Rivas / CLDF